Marina MontagnerEmpreendedora da pele
“Sou a Marina Montagner, fundadora da Marina Shore, nova marca de skincare brasileira que prioriza a inovação de produtos e um modelo de negócio consciente, começando por “expandir as barreiras” do que uma marca de cuidados com a pele pode ser. Na marca, nós exercemos um compromisso holístico, trazendo a associação do conceito de beleza à saúde mental e desenvolvemos produtos para cuidados com a pele, o corpo e a mente.
Além dos produtos físicos, nossos clientes contam com um clube de assinatura de bem-estar, o Marina Shore Members’ Club. Por meio de aulas ministradas por especialistas, o clube oferece uma academia digital, a Skin & Health Gym, com 16 disciplinas de autocuidado que incluem rotinas e rituais de skincare, como Ginástica Facial, Máscara & Yoga Energizante e Máscara & Meditação Calmante. O bem-estar também engloba boa nutrição, conforto, conveniência e experiências que trazem satisfação física e emocional. Sendo assim, a curadoria do ecossistema do Marina Shore Members’ Club inclui benefícios das melhores marcas brasileiras e internacionais de lifestyle, alimentação e hospedagem.
“COM FOCO NA PARTE SOCIAL, JÁ SABIA QUE PARTE DO LUCRO DO MEU NEGÓCIO SERIA REVERTIDO PARA O SOCIAL, MAS O OBJETIVO TAMBÉM ERA TRABALHAR O NATURAL E CRIAR PRODUTOS VEGANOS, NÃO TESTADOS EM ANIMAIS E RELACIONADOS AO CUIDADO COM A PELE, CORPO E MENTE.”
Falando um pouco de mim, eu vivi e trabalhei em ambientes desafiadores durante a maior parte da minha vida. Como neta de trabalhadores rurais de um lado e avó costureira do outro, desenvolvi uma mentalidade de “posso fazer e nunca vou desistir” e busco superar as dificuldades e limitações que minha família experimentou.
Fui criada em família de empreendedores — minha avó costurava fantasias para as escolas de samba de São Paulo para sustentar 12 filhos sozinha e sempre pensei que um dia criaria o meu próprio negócio.
Em 2018 me mudei para Londres. Tomei coragem para sair da empresa em que estava desde a época de estagiária para empreender do zero. Entre a minha mudança de país e o lançamento da marca, em outubro de 2021, aproveitei minhas visitas ao Brasil para desenvolver os produtos da minha marca.
Com grande foco na parte social, já sabia que parte do lucro do meu novo negócio seria revertido para o social, mas o objetivo também era trabalhar o natural e criar produtos veganos, não testados em animais e relacionados ao cuidado com a pele, o corpo e a mente.
Sobre o dia a dia como empreendedora afirmo que é muito desafiador, especialmente, vivendo a fase inicial do negócio, onde tive que expandir muito minha capacidade e desenvolver novas habilidades que antes não eram necessárias ou eu não usava, para fazer o negócio se tornar autossustentável, e buscar aquilo que eu sempre sonhei. Esse cenário se torna ainda mais desafiador sem ajuda ou investimento externo.
Para a marca Marina Shore, os pilares que regem nosso desenvolvimento de novos produtos e serviços, são também um reflexo do meu movimento pessoal para a busca pelo bem-estar em meio a todos esses desafios pessoais e profissionais. O nosso clube de assinatura é um exemplo disso. Me possibilita praticar atividades físicas, refletir sobre minhas escolhas diárias, socializar, me conectar com pessoas e desenvolver rotinas e rituais sustentáveis e saudáveis para mim.
Nos últimos anos também busquei um processo mental que me ajudou a mudar a maneira como trabalho e vivo, para melhor. Esse processo se resume a uma combinação de reflexividade — ou o questionamento de suposições para aumentar minha autoconsciência — e redefinição intencional dos meus papéis. Não vejo como uma solução única, mas sim, como um ciclo no qual devemos nos engajar continuamente conforme nossas circunstâncias e nossas prioridades evoluem. Faço pausas para questionar minhas decisões diárias, presto a devida atenção às minhas emoções, coloco as coisas em perspectiva e determino como minhas prioridades precisam ser ajustadas. Em seguida, considero alternativas e implemento mudanças. Parto do princípio de que equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um ciclo, não uma conquista.
Formada em publicidade e marketing, pós-graduada em administração pela FGV, comecei minha carreira há mais de uma década. Ocupei cargos de marketing nas maiores indústrias químicas de aromas e fragrâncias do mundo, liderando e executando o desenvolvimento de produtos, esforços de marketing e inovação para clientes, como Ambev, Unilever, Danone, Coca-Cola e Nestlé. Na época, como funcionária, eu tinha percebido que não tínhamos muitas iniciativas internas de ESG e tentava pensar em alternativas para isso. Eu já estava com um olhar empreendedor, então por que não colocar em prática o meu próprio negócio?
Em 2017 fui impactada por um projeto social que arrecadava produtos de higiene básica a fim de doar para pessoas sem acesso a eles. A ação social me impressionou pela simplicidade e foi o ponto de partida para uma mudança de carreira.
Eu estava inspirada pelo projeto com itens de higiene básica, então decidi que faria algo nessa área do cuidado pessoal. No meio do caminho, essa ideia inicial mudou um pouco – embora a saúde do planeta e o bem-estar da comunidade continuem como premissas.
Aos poucos, comecei a entender que podia criar uma empresa que revertesse parte de suas vendas para ações sociais diversas, não só aquelas ligadas a higiene básica. Foi aí que me questionei sobre o porquê não criar uma marca de skincare, que era uma realidade de cuidado próprio que eu estava vivendo, e poderia ter foco no impacto social e ambiental, doando 1/3 do lucro para atender diferentes necessidades no nosso país.
Em um dado momento da minha vida, senti que alcancei muitos dos meus objetivos iniciais e estava pronta para desenvolver ainda mais minhas habilidades de liderança em uma direção a algo que pudesse fazer uma diferença significativa para o mundo e ajudar a criar soluções de negócios que tenham um impacto positivo na sociedade. Dentro da Marina Shore, pude desenvolver minha visão do que uma marca de cuidados com a pele poderia ser. A nossa marca nunca foi e nunca será sobre skincare tão somente. É sobre cuidar de si e estar bem para poder cuidar também do outro. Ter mão ativas, mentes compassivas e atitudes generosas com nós mesmos e com o mundo em que vivemos.
Enquanto planejava a Marina Shore, virei diretora da ONG Changemaker Chats para o Brasil. Com sede em Nova York, a organização internacional tem como objetivo proporcionar networking para mulheres em vários momentos de carreira, impactando na atuação feminina dentro das empresas e das comunidades. Entrevistei personalidades incríveis atuando como diretora dessa ONG, o que me inspirou ainda mais a seguir em frente com o meu negócio.
Assim como minha avó materna, muitas mulheres da minha família serviram de inspiração e as oportunidades que elas não tiveram viraram referência para serem conquistadas e criadas por mim.
Desde cedo, meus pais se comprometeram a incutir em mim os valores de tolerância e aceitação, expondo-me à diversidade e dando me as oportunidades que nunca tiveram. Esses valores me moldaram como líder, particularmente minhas habilidades para adaptar e equilibrar as necessidades de diversos grupos.
Para mim, diversidade e oportunidade sustentam algumas das características mais importantes de um verdadeiro líder e são cruciais para meus objetivos presentes e futuros.
As escolhas dos projetos que apoiamos também passam pelas adversidades vividas ou vistas de perto, como questões relacionadas à saúde mental e acesso a alimentação e higiene básica. Adicionalmente, olhamos para o desenvolvimento sustentável de comunidades, restauração do meio ambiente e proteção do clima.
Fazer a transição do ambiente corporativo para o empreendedorismo na prática, enquanto mudava de país, foi muito desafiador. Em dado momento, quis ter meu próprio negócio para buscar independência financeira, ter liberdade geográfica, liberdade de tempo e rotina, causar impacto positivo na vida das pessoas e criar solução para problemas reais do cotidiano; mas, com o empreendedorismo, vem uma sequência enorme de riscos e momentos de solidão. E por um longo período, sozinha à frente dos meus negócios, não podendo contar com colegas para repartir as conquistas e dificuldades diárias, tive que encarar vários outros desafios. Empreender e gerir uma empresa exige muita dedicação, conhecimento e persistência.
Empreendedorismo é um quebra-cabeça natural para mim. Passei anos trabalhando com inovação na área de marketing e sempre apliquei minhas habilidades empreendedoras dentro das empresas onde trabalhava. Essa prática era importante, pois me trazia mais satisfação profissional ao mesmo tempo em que fomentava o surgimento de ideias e proporcionava desenvolvimento e ambiente de inovação para a empresa.
Desempenhar isso de forma independente, à frente do meu próprio negócio, é uma experiência bem diferente. É muito desafiador identificar as próprias limitações de forma ágil, constante, a fim de superá-las rapidamente. Enquanto mulher, entendo minha potência, mas também tenho que despender uma energia enorme para silenciar as crenças limitantes, sejam elas próprias ou impostas, que fazem parte da nossa construção social e sabotam o nosso sucesso e felicidade.
Sair do ambiente corporativo foi uma escolha e um risco calculado. Tenho o privilégio de não ter que empreender por falta de oportunidade profissional ou sufoco financeiro até este dado momento, mas para muitas mulheres, principalmente, mulheres negras, empreender é a única opção. Apenas na abertura de um negócio encontram a chance de gerar renda.
No balanço final, o empreendedorismo feminino é muito positivo. É um investimento na nossa independência, segurança e liberdade. Nos fortalecemos, compartilhamos nossa força feminina e contribuímos ainda mais para nossas comunidades e para a inovação. Isso é o que me move.
Desde que me mudei para Londres, o trabalho remoto fez parte da minha realidade. À frente da minha consultoria de inovação e do Changemaker Chats, trabalhei com times distribuídos pelo mundo todo. O crescimento pessoal que tive com essa experiência me preparou para desenvolver a Marina Shore com a operação toda no Brasil.
Antes da pandemia o trabalho remoto vinha crescendo lentamente, mas explodiu por causa dela e trouxe ganhos de produtividade. Essa transformação profunda no regime de trabalho, fez com que todos estivessem prontos para colaborar dentro dos nossos padrões e isso me permitiu liderar equipes e fornecedores à distância. O maior desafio não é estar do outro lado do oceano, mas sim empreender no Brasil. A burocracia, limitação de tecnologias locais e carga tributária são exemplos disso.
Mesmo com tantos desafios, decidi empreender no meu país por acreditar na transformação que a inovação e o modelo de negócio consciente da Marina Shore pode gerar nas pessoas e no mercado. Estar em outro país fez com que eu me conecta-se ainda mais com as nossas raízes, nossa cultura, potência e possibilidades. O brasileiro é inovador, criativo, persistente e tem muito a oferecer para o mundo.
Para nós, ações e escolhas sustentáveis de ponta a ponta dentro do negócio são premissas básicas, não uma estratégia de marketing. Entendemos que comunicar nossas escolhas é importante para desafiar o mercado e inspirar as pessoas.
Todos temos um papel ativo em qualquer tipo de mudança e entendemos que cada pessoa está em um momento diferente da sua jornada para um consumo consciente.
Na Marina Shore, temos o compromisso de fornecer ferramentas e informação para o desenvolvimento de uma relação mais saudável e sustentável com o planeta. Com a sensibilização e poder de escolha, nossa comunidade pode colaborar para esse processo.
Para mim, a vantagem mais gratificante de ser uma empreendedora social é o potencial de ter um impacto positivo na sociedade, melhorando a qualidade de vida das pessoas. Nesse âmbito, meu sonho é criar soluções inovadoras para a mudança — e poder inspirar outros a fazer o mesmo.
À frente da Marina Shore, entendo que o sentido se dá se cada produto e iniciativa da marca representar saúde, transformação e mudança sistêmicas. Para isso, quero poder ter a capacidade e conhecimento para liderar e perseguir a visão estabelecida para a empresa.
Já como líder feminina, quero poder criar oportunidades e abrir caminho para as jovens mulheres nos negócios.”
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